Pesquisa

Entrevista ao Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Professor Pedro Figueiredo

Temos o prazer de dar continuidade às nossas ”SPG em conversas” com uma conversa com o novo Presidente da SPG, o Professor Doutor Pedro Figueiredo

Caro Professor Pedro,

  1. Quais são para si os principais desafios da Gastrenterologia Portuguesa?

A Gastrenterologia Portuguesa tem que continuar a afirmar-se como tem vindo a acontecer até agora. Existem, no entanto, alguns aspectos que deverão ser devidamente acautelados. Neste contexto, saliento as questões relacionadas com a endoscopia digestiva, peça fundamental na especialidade, mas que não deverá absorver completamente a nossa actividade. A Gastrenterologia é uma especialidade com várias vertentes, existindo áreas que deverão ser um pouco mais valorizadas, designadamente a nutrição e a oncologia.    

  • O SNS vive tempos difíceis. De que forma isto tem afetado a Gastrenterologia Portuguesa?

Os tempos difíceis que o SNS vive estão em relação com a pouca atratividade que exerce para os médicos em geral e para os gastrenterologistas em particular. O seu papel é fundamental, desde logo na formação dos novos especialistas uma vez que é no SNS que se adquirem as competências necessárias à especialização, pelo que o progressivo esvaziamento dos serviços terá inevitáveis consequências neste contexto. Existem várias possibilidades para reter e atrair especialistas para o SNS, algumas não envolvendo, necessariamente, aumento do financiamento, caso da flexibilização dos horários. Um aspecto particularmente relavante diz respeito à forma como são valorizados os actos endoscópicos no SNS, de uma forma completamente desajustada à complexidade dos procedimentos que actualmente se executam em muitas unidades de endoscopia digestiva.

  • O que tem feito a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia feito para se adaptar à situação atual e que tipo de apoio podem os Gastrenterologistas Portugueses esperar da SPG?

A SPG vai manter a linha que tem sido seguida pelas direcções anteriores e que passa pela afirmação da importância da especialidade no contexto da Saúde Digestiva, seja perante a opinião pública seja perante o poder político. Um dos aspectos que foi abordado no anterior biénio foi a da litigância, área em que pretendemos continuar a trabalhar no sentido de fornecer aos sócios as ferramentas adequadas à sua eficaz defesa em processos judiciais.

  • Quais são para si os maiores desafios do seu mandato?

Penso que há vários aspectos que merecem atenção especial e que se prendem um pouco com o que já foi referido. A afirmação da especialidade junto da população em geral, retirando-lhe a etiqueta que hoje existe e que consiste em ver os gastrenterologistas como os médicos cuja actividade se circunscreve exclusivamente à realização de endoscopia altas e colonoscopias é algo que não pode ser descurado. Um outro desafio prende-se com a correcção da já referida forma inadequada como os actos endoscópicos são valorizados no âmbito do SNS.    

  • Quais são para si os marcos mais importantes que espera alcançar durante o seu mandato à frente da SPG?

Neste mandato esperamos continuar a prestigiar a Gastrenterologia Nacional, fazendo com que os sócios vejam a SPG como um instrumento ao seu serviço. Cativar os jovens especialistas para as nossas atividades, designadamente através das secções especializadas, é outro dos objetivos. Promover a participação de sócios em organizações científicas internacionais, incrementando assim a visibilidade externa da SPG, constitui igualmente um objetivo desta direção.