Mafalda Cainé João
Serviço de Gastrenterologia do IPO de Coimbra
Os tumores neuroendócrinos do reto são cancros raros com origem nas células neuroendócrinas (células com a capacidade de produzir hormonas em resposta a estímulos nervosos). Tem-se verificado um aumento da incidência destes tumores, que frequentemente não causam sintomas. A maioria das lesões tem pequenas dimensões (<10 mm), baixa probabilidade de invadir as camadas mais profundas do reto, os gânglios linfáticos perilesionais ou de provocar lesões em órgãos distantes, pelo que podem ser removidas endoscopicamente. A figura 1.A ilustra o aspeto típico destas lesões. Contudo, desconhece-se qual a melhor técnica endoscópica para a sua remoção: algumas técnicas, mais simples, associam-se a um elevado risco de excisão incompleta, enquanto outras, mais morosas e complexas, associam-se a mais complicações.
Descrevemos uma técnica simples para a remoção destes tumores que utilizámos em 13 doentes. Colocamos um dispositivo transparente (cap) na extremidade do colonoscópio, seguidamente injetamos uma solução sob a lesão, posteriormente adaptamos uma ansa diatérmica a esse cap e succionamos a lesão para dentro do cap ao mesmo tempo que ajustamos a ansa à lesão. Por fim aplicamos corrente elétrica para a excisão da lesão. Os passos encontram-se ilustrados na figura 1 (B-F). O tempo médio dos procedimentos foi de 5 minutos, as lesões foram removidas na totalidade em todas as situações e não se verificou recorrência em nenhum doente.
Concluímos que esta é uma técnica segura e eficaz para a remoção destes tumores. Aguardamos mais estudos para validar a utilização desta técnica de forma disseminada.
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