Caros Colegas,
O desafio de presidir à Direção da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia para o biénio 2023-2025 teve como “pano de fundo” a intenção de afirmar da nossa especialidade como indispensável em tudo o que diz respeito à prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças do aparelho digestivo. De facto, a nossa área de actuação, que inclui não só o tubo digestivo, mas também o fígado, as vias biliares e o pâncreas, é claramente transversal nos serviços de saúde dado que interage com múltiplas especialidades, desde a Medicina Geral e Familiar até à Cirurgia, passando pela Anatomia Patológica, Medicina Interna e pela Oncologia. A vertente endoscópica da nossa actividade tem vindo a adquirir um papel crescente no tratamento dos doentes e não apenas no diagnóstico, retirando à Cirurgia várias patologias anteriormente alvo desta especialidade. A ecografia digestiva tem vindo a ganhar um protagonismo crescente e a sua afirmação no contexto da especialidade é, neste momento, irreversível. A manipulação dos biológicos é algo hoje encarado como natural nos diversos serviços de gastrenterologia dispersos pelo país. A nossa presença nos serviços de urgência dos hospitais do SNS garante à população cuidados diferenciados nas mais variadas situações.
São, assim, múltiplas as razões que permitem olhar a Gastrenterologia como uma especialidade com futuro. A nossa atividade no biénio 23-25 será pautada por essa perspectiva, procurando impulsionar várias vertentes e dando continuidade ao trabalho de direcções anteriores.
Tratando-se de uma sociedade científica, um dos objetivos “major” é, seguramente, promover a investigação e a formação dos nossos associados, sejam internos ou especialistas. Para tal, o apoio a cursos promovidos pelas secções especializadas bem como pelas diversas comissões assume um papel relevante na atividade da direção. Ainda neste contexto, a promoção do CEREGA e da publicação no GE, bem como a instituição de vários prémios e bolsas contribuem para alcançar este objetivo. A organização anual da Reunião Monotemática e da Semana Digestivo permanecerá como desígnio fundamental, pretendendo-se que a Semana Digestiva mantenha a sua afirmação como principal reunião da gastrenterologia nacional.
A este propósito, a relação com a indústria, que deverá estabelecer-se numa perspectiva de benefício mútuo, será, naturalmente, objeto de atenção redobrada. A eficaz promoção da nossa imagem junto da comunicação social é outro aspecto a considerar dado que existe ainda muito desconhecimento do que é a nossa atividade, prevalecendo a ideia de que somos apenas os médicos realizam endoscopia digestiva alta e colonoscopia. Neste contexto, o Mês da Saúde Digestiva terá, seguramente, um papel importante a desempenhar. A relação com sociedades científicas congéneres, bem como com o Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos será igualmente merecedora da nossa atenção. Por fim, será acautelada a relação institucional com os decisores políticos no sentido de dirimir algumas situações que, no nosso ponto de vista, condicionam a nossa atividade como gastrenterologistas.
Sumário Executivo
A Marca SPG
O corolário duma sociedade científica com as nossas características, que se desenvolveu e transfigurou-se em 60 anos de vida, será naturalmente o de consagrar uma imagem de marca, símbolo e signo que traduza em termos conceptuais e físicos o espírito da SPG. Algo que permita identificar-nos como mentores de uma série de valores constitucionais, como os intérpretes de uma visão identitária com a Gastrenterologia moderna e como porta estandartes de um forte conceito que impacte a vida quotidiana dos Portugueses, a visão que nos permita assumir integralmente o papel de Especialistas da Saúde Digestiva.
Foram dados importantes passos pela Direcção cessante na redefinição e organização deste quadro funcional. Tornamos muito claro qual a força, o dinamismo e relevância que temos na esfera formativa, a par da credibilidade científica que a nossa Sociedade aufere, a grande representatividade que temos socialmente, bem como a exposição mediática crescente que nos torna cada vez mais interventivos na esfera pública. Em plena época de crise, pelo seu ineditismo e inimaginável impacto global, a SPG aproveitou para começar a estabelecer os alicerces que conduzem á sua reestruturação e redimensionamento interno bem como adquirir vias de comunicação privilegiadas com os sócios, com parceiros externos, e novos agentes para tornar possível e viável a nossa potencial expansão sustentada.
O desenvolvimento da marca SPG vai incluir uma rede integrada de ações direcionada para os nossos profissionais envolvendo os nossos parceiros estratégicos e também orientada para os media e para os decisores políticos. Criaremos momentos próprios para cada uma destas ações e por isso a articulação de informação será de capital importância: em termos de linguagem, temporização das oportunidades, mensagens a veicular, tudo em reforço do nosso estatuto e da responsabilidade e privilégio de sermos gastrenterologistas – a Comunicação assumirá também um papel central na nossa preocupação de melhor interpretar as necessidades do publico e em conformidade demonstrar o relevo do Gastrenterologista.
As Semanas Digestivas regressam com a dimensão e com os contornos que permitam cumprir as expectativas dos mais jovens e dos mais experientes. O Mês da Saúde Digestiva terá de se assumir como um conceito publicamente reconhecido e identificado como tal. As Secções Especializadas, espaços dinâmicos de majoração científica e profissional, terão as suas atividades muito promovidas e em figurinos que permitam identificar a SPG como a entidade geradora e agregadora de todas as suas múltiplas áreas de interesse. O nosso empenho na formação contínua intergeracional, na divulgação da profícua atividade científica, na demonstração do papel da gastrenterologia portuguesa nos palcos internacionais, vão constituir-se como elementos nutritivos para que os profissionais da nossa área mais se revejam e mais se empenhem nas atividades associativas.
Apelo, com confiança, a que todos nós que ocupamos os mais variados espaços e posições nas hierarquias assistenciais, possamos afincadamente contribuir para que todas as instituições de saúde, públicas e privadas, que tenham gastrenterologistas nos seus quadros, sejam capazes de neles reconhecer as mais elevadas e nobres qualidades humanas, médicas e técnicas. A gastrenterologia tem mudado com o tempo e tem feito mudar os tempos. O desempenho desta Equipa, será, pois, destinado a proporcionar a nossa própria mudança evolutiva, criando as condições para permitir que mudemos a forma como nos olham e para a nossa sociedade científica ser ela própria um vetor de mudança.
O Presidente